Revista Homem, Espaço e Tempo
setembro de 2012
ISSN 1982-3800
O LÚDICO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM: UMA
ABORDAGEM AO ESTUDO DO SOLO NO ENSINO DE GEOGRAFIA
Carliana Lima Almeida
Cleire Lima da Costa Falcão
Universidade Estadual Vale do Acaraú/UVA
Resumo : O presente trabalho foi desenvolvido no intuito de enfatizar a importância de se trabalhar a
temática “solo” a partir da ludicidade. O solo é um elemento essencial na dinâmica e equilíbrio dos
ecossistemas, no entanto o estudo desse tema ainda é pouco abordado. Apresentamos, portanto, nesse
trabalho a experiência obtida com a realização da oficina “Trilhando o conhecimento do solo”
realizada com alunos do segundo ano do Ensino Médio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Ministro Jarbas Passarinho, no município de Sobral, objetivando tornar o processo de ensinoaprendizagem mais significativo e prazeroso. Tivemos como metodologia o construtivismo com base
nas leituras dos trabalhos de Piaget e Vygotsky, os quais vislumbram o papel do aluno em assumir-se
como sujeito da sua aprendizagem e a contribuição de Piaget ao tratar, também do uso de jogos de
regras. A ação pedagógica através da oficina visou incentivar a importância do estudo do solo
utilizando uma metodologia que envolva o jogo no intuito de facilitar e dinamizar o processo de
aprendizagem. Foi possível através da atividade com o jogo mobilizar o interesse dos alunos, a
observação e a participação, assim, os alunos puderam, de forma mais concreta, construírem um
conhecimento acerca dos solos. Portanto, o jogo, contribuiu para que os alunos fossem atuantes no
processo de aprendizagem.
Palavras-Chave: Lúdico, aprendizagem, solo e ensino.
Abstrat: This work was developed in order to emphasize the importance of working the theme "soil"
from playfulness. The soil is an essential element in the dynamic equilibrium of ecosystems, yet the
study of this subject is still little explored. Here, therefore, that work experience gained in the
workshop "Treading the knowledge of the soil" carried out with Second year students of high school
in the State School of Elementary and Secondary Education Minister Jarbas Finch, the city of Sobral,
in order to make teaching-learning process more meaningful and enjoyable. We had constructivism as
a methodology based on readings from the works of Piaget and Vygotsky, which envision the role of
the student to take as the subject of his learning and Piaget's contribution to the address, also use the
game rules. The pedagogical action through the workshop aimed to encourage the importance of
studying the soil using a methodology that involves the game in order to facilitate and streamline the
learning process. It was possible through the activity with the game engaging the interest of students,
observation and participation, so students could, more concretely, build a knowledge of soils. So the
game, helped the students were active in the learning process.
Keywords: Playful, learning, soil and teaching.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi desenvolvido no intuito de enfatizar a importância de se
trabalhar a temática “solo” a partir da ludicidade, possibilitando aprendizagens mais
significativas e contribuindo com o exercício das habilidades.
Buscamos demonstrar a importância do lúdico como instrumento facilitador da
aprendizagem, onde destacamos a contribuição dessa ferramenta no estudo solo no contexto
da ciência Geográfica. Visamos contribuir com o ensino de Geografia no tocante aos
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fundamentos teóricos e metodológicos que justifiquem a elaboração e aplicação de jogos
voltados para o estudo do solo.
De acordo com Mauricio (2010) o lúdico faz parte da nossa base epistemológica desde
a pré-história, ligado à afetividade, à cultura e ao lazer. Tem sua origem na palavra latina
"ludus" que quer dizer "jogo”. Deixou de ser simples sinônimo de “jogo” e acompanhou as
pesquisas de Psicomotricidade.
Para o mesmo autor, a ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano,
é um espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é a forma para expressão mais
genuína do ser, é o espaço de toda a criança para o exercício da relação afetiva com o mundo,
com as pessoas e com os objetos.
O brincar é um processo intrínseco do ser humano, que desde a infância vai
construindo conhecimentos através das mais diversas brincadeiras. Brincando a criança se
exercita, descobre, erra, acerta, imagina, cria suas próprias regras, conta histórias, constrói,
destrói, transforma e assim vai desenvolvendo sua aprendizagem naturalmente. A ludicidade,
portanto, possibilita desenvolver o conhecimento sem tantas exigências, fazendo dessa
aprendizagem um momento satisfatório e agradável.
Brincar favorece o processo de desenvolvimento da criança e se constitui em uma
atividade de grande importância à evolução da mente, ao desenvolvimento da autonomia, às
descobertas das capacidades, enfim a criança vai interagindo com o jogo, ou com o brinquedo
e vai aprendendo a lidar com as situações, com as regras e vai iniciando e aprofundando o ato
de refletir.
Segundo (RODRIGUES, 1976)
A necessidade de brincar surge muito cedo, aos três meses, e a primeira brincadeira
é, como a primeira conduta inteligente, de natureza sensório motora. Os dedos da
criança constituem o primeiro brinquedo e a observação deles e de seu movimento
configura o jogo mais remoto. (RODRIGUES 1976, p. 77)
Nossa participação no desenvolvimento do projeto “A produção de material didático
no contexto colaborativo ao estudo do solo” despertou o desejo pelo tema solo em de busca de
contribuir com subsídios visando possibilitar uma melhor aprendizagem deste conteúdo.1
1
Projeto elaborado pela Profa. Dra. Cleire Lima da Costa Falcão no ano de 2009, na qual participei de sua realização
como bolsista do CNPq durante dois anos, junto à equipe do Laboratório de Pedologia e Processos Erosivo de Estudos
Geográficos - LAPPEGEO .
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O lúdico possibilita a relação da criança com o conteúdo, pois através da atividade
lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, estabelece relações de lógica, integra idéias,
estimula a observação e vai desenvolvendo o seu aprendizado.
Nesse sentido, é possível trabalhar o conteúdo solos a partir da abordagem de
materiais didáticos e atividades práticas que ajudem a ilustrar conceitos e melhorar o processo
de ensino-aprendizagem. Puntel (2007) ressalta que precisamos estar abertos a aceitar
sugestões e criar propostas que possam tornar mais significativo o ato de ensinar e de
aprender, e mesmo sabendo que há uma resistência muito forte para a mudança, é um grande
desafio que começa com poucos e pode ir disseminando-se.
Na perspectiva das práticas pedagógicas é necessário que além de conhecer as
características morfológicas e as funções do solo seja possível refletir sobre a necessidade de
conservá-lo, mostrando a interação existente em sua natureza e na vida que o envolve.
Objetivando-se, dessa forma, propiciar a atividade mental e física dos alunos, envolvendo-os
no processo de construção do conhecimento.
O professor tem encontrado certa dificuldade em proporcionar aos alunos meios para
que possam desenvolver um censo crítico da realidade ao qual ele vivencia. Posto isso, o uso
da ludicidade tem a intenção de motivar e provocar o aluno para uma reflexão sobre o
conteúdo e ainda abrir espaço para o debate em sala, proporcionando uma relação entre o real
e o imaginário, extrapolando os limites da escola e proporcionando a esse aluno um repensar
de suas ações no dia-a-dia. Nesse sentido, a utilização do lúdico torna-se uma metodologia
mais inovadora, levando em consideração a necessidade de conquistar o interesse do aluno.
Portanto, caberá a ludicidade o papel fundamental na contribuição do ensino de solos,
que poderá possibilitar ao aluno a percepção desse elemento na paisagem de sua vivência.
Segundo Castrogiovanni (2000, p. 44) “a Geografia talvez seja a disciplina que mais trabalhe
com práticas, percorrendo um leque de possibilidades na área da educação”.
O solo é um componente do ambiente natural que merece destaque dado a sua
importância para a manutenção dos ecossistemas, no entanto, atualmente, este vem sendo
utilizado de maneira inadequada pela ação antrópica.
E apesar do solo ser um elemento da natureza de necessidade a todos os seres vivos, no
que diz respeito a sua influência à vegetação, aos alimentos que proporciona, às águas que
recebe e armazena, etc. este não vem recebendo a devida atenção nas disciplinas escolares,
principalmente no que diz respeito à educação nas escolas para sua preservação e
conservação.
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Na educação Fundamental podem ser evidenciadas deficiências nos materiais didáticos
disponíveis. E em muitos casos os conteúdos são trabalhados de forma resumida e
fragmentada, onde as discussões não ultrapassam os muros da escola não existindo motivação
alguma para construção do conhecimento.
Foi constatado a partir do trabalho de Silva, Costa Falcão e Falcão Sobrinho (2008) que
o tema solo não é corretamente abordado em alguns livros didáticos:
De maneira geral, os livros didáticos analisados apresentam graves deficiências,
presenciam definições equívocas, pautadas em denominações geológicas e
agronômicas para caracterizar os solos, não dão ênfase ao tratamento dos processos
a qual os solos são submetidos desde a pedogênese até os processos de perdas da
massa pedológica. (SILVA, COSTA FALCÃO E FALCÃO SOBRINHO 2008, p.
102)
Na fala de Schaffer (1988) “O livro didático mantém-se como recurso mais presente
em sala de aula, quando não a própria aula, a voz principal do ensino”. Sendo assim e de
fundamental importância avaliar bem o livro didático, pois o professor formará cidadãos que
se utilizarão dos conceitos geográficos em toda a sua vida.
Por isso, faz-se necessário buscar maneiras de sensibilizar, tanto alunos, quanto
professores sobre a necessidade da abordagem e estudo aprofundado dessa temática,
utilizando materiais e metodologias que diferenciem o pensar sobre o solo, percebendo-o na
paisagem do seu dia-a-dia e ajudando a protegê-lo.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho tem como metodologia uma pesquisa histórico descritiva, onde
apresentamos a visão de teóricos acerca das temáticas: Solo, ludicidade, ensino e
aprendizagem.
Buscamos abordar a ludicidade como uma proposta importante para o processo de
aprendizagem, com o objetivo de apresentar um material pedagógico alternativo: o “jogo de
tabuleiro” elaborado no Laboratório de Pedologia e Processos Erosivos – LAPPEGEO2 enfatizando o conteúdo “solo” e visando contribuir no ensino e interesse a essa temática. Esse
material didático foi elaborado durante o desenvolvimento do Projeto “A construção de
materiais didáticos no contexto colaborativo ao estudo o solo” e é uma proposta ao Ensino
Médio, onde visamos trabalhar o método construtivista com base na leitura dos trabalhos de
Piaget e Vygotsky.
2
O Laboratório de Pedologia e Processos Erosivos faz parte do projeto de pesquisa desenvolvido pelo CNPq “A produção de
material didático no contexto colaborativo ao estudo de solo”, que tem como objetivo a elaboração e desenvolvimento de
materiais didáticos abordando os conteúdos relacionados ao estudo do solo como apoio aos alunos do curso de Licenciatura
em Geografia da universidade e aos professores e estudantes do ensino fundamental e médio.
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O jogo foi feito utilizando materiais de baixo custo e de fácil acesso ao professor e aos
alunos. Os materiais utilizados para a confecção do jogo são os seguintes: uma cartolina,
lápis, pincéis, cola e figuras relacionadas ao conteúdo solo. Para a confecção das cartas das
perguntas é necessário quatro folhas de papel 40k e uma tesoura. As perguntas devem ser
previamente elaboradas pelo professor.
O jogo de tabuleiro denominado “trilhando o conhecimento do solo”, é um jogo que se
assemelha a uma trilha, a ser percorrida pelos alunos. O jogo contém quarenta e nove
perguntas referentes ao conteúdo solo, desde sua origem, caracterização aos processos que
causam sua degradação. Além das perguntas em cartas, também contém um dado e seis
tampinhas de cores diferentes para os jogadores, que podem ser de dois a seis.
Com relação às regras do jogo, após decidir quem iniciará a partida, joga-se o dado, o
número de avanços na trilha do tabuleiro dependerá do número apresentado no dado e da
resposta acertada em cada carta. Ou seja, o participante só poderá avançar o número casas
correspondente ao apresentado no dado se a resposta a pergunta da carta estiver correta. No
entanto, algumas cartas do jogo também apresentam prendas, a resposta errada à pergunta
destas cartas fará o participante voltar casas no jogo.
A ideia da oficina “Trilhando o conhecimento do solo” foi posta em prática, portanto,
com a finalidade de analisar a contribuição que o jogo de tabuleiro poderia vir a trazer para o
ensino de solos nas aulas de Geografia.
Nos trabalhos de Piaget e Vygotsky percebemos a importância do jogo no
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral da criança, sendo, portanto uma
metodologia essencial para o processo de ensino aprendizagem.
O jogo de tabuleiro é uma proposta para a instrução dos conteúdos no estudo do solo,
com a utilização de materiais acessíveis ao professor que possibilitem maior participação dos
educandos, assim como a discussão do conteúdo através de uma linguagem mais lúdica.
De acordo com Zaballa (1996) apud Silva (2006) a construção de determinados
conceitos e/ou habilidades pode estar atrelada a uma estratégia metodológica diferenciada
mais atuante, mais crítica, mais criativa e reflexiva, permitindo uma aprendizagem
significativa próxima da realidade do aluno.
A escola escolhida para o trabalho foi a Escola de Ensino Fundamental e Médio
Ministro Jarbas Passarinho, no município de Sobral, com alunos do 2º ano do Ensino Médio
do turno da manhã. Essa série foi escolhida por ser nesta que o conteúdo “solo” faz parte da
matriz curricular do Ensino Médio. A turma era composta por 39 alunos, com idade entre 16 e
18 anos.
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Durante a pesquisa na Escola de Ensino Fundamental e Médio Ministro Jarbas
Passarinho, buscou-se levantar informações quanto ao conteúdo solo abordado no livro
didático do 2º ano do Ensino Médio, no intuito de averiguar que temáticas já haviam sido
abordadas e quais não foram discutidas. Ressaltando que não é objetivo desse trabalho a
análise dos respectivos livros didáticos, mas, levantar essas informações era necessário para a
organização da oficina.
Os temas abordados durante a oficina foram: 1 - Formação do solo; 2 Características morfológicas do solo; 3 - Composição do solo; 4 – degradação do solo e 5 –
Conservação do solo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente foi apresentado um slide, cujo conteúdo foi previamente elaborado,
levando em consideração informações mais significativas acerca da temática solo,
contemplando além de suas características, o processo de formação, o processo de degradação
e as importantes funções do solo no meio ambiente.
A oficina foi trabalhada a partir da sensibilização e do conhecimento prévio,
instigando os alunos a questionarem e serem, dessa forma, participantes. A atividade proposta
foi trabalhada em dois dias, sendo utilizado o jogo de tabuleiro como instrumento didático,
com a finalidade de aperfeiçoar e contribuir com o processo de ensino-aprendizagem.
Na segunda etapa da oficina foi utilizado o jogo: “trilhando o conhecimento do solo”
(FIGURA 1) a fim de identificar o que o aluno aprendeu e para fixar melhor o conhecimento.
A turma foi organizada em grupos de cinco ou seis alunos, estes ficaram bastante atentos, pois
o jogo era um material inédito para eles.
O uso do jogo do tabuleiro durante a oficina proporcionou uma aula diferenciada, onde
os conteúdos foram trabalhados visando motivar o próprio interesse do aluno em aprender e
buscar a partir de sua curiosidade novas informações a respeito do conteúdo.
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Por meio dos resultados obtidos com a oficina, realizada na Escola Jarbas Passarinho
foi possível evidenciar que a prática pedagógica do jogo de Tabuleiro permitiu realizar junto
aos educandos um estudo do solo de maneira dinâmica e divertida. Onde o jogo do tabuleiro
representou uma ferramenta pedagógica capaz de motivar a curiosidade e proporcionar um
entendimento do solo mais próximo da realidade.
FIGURA 1 – Jogo de Tabuleiro: “trilhando o conhecimento do solo”, produzido no LAPPEGEO.
Fonte: Arquivo de fotos do LAPPEGEO.
Além de todos esses aspectos positivos, foi ainda gratificante ouvir na fala dos alunos:
“nunca tivemos uma aula assim”, “a aula foi ótima professora”. E durante o jogo, “eu quero
participar”, “agora é minha vez”, “então, qual a resposta certa?”.
Dessa forma, foi evidente o interesse dos alunos durante as oficinas e o gostar no
contexto da prática realizada. Através da brincadeira de seguir a trilha, jogar dados, responder
perguntas, acertar, errar, passar a vez e avançar, os alunos aprenderam o conteúdo de forma
fácil e divertida.
- O professor, o aluno e a ludicidade no contexto escolar.
O lúdico é extremamente importante, pois induz uma relação entre o real e o
imaginário, o aluno quer descobrir e vencer, e nesse processo ela se sente evoluindo. Para
(RODRIGUES, 1976)
A função dos jogos e dos brinquedos não se limita ao vasto mundo das emoções e da
sensibilidade. Ela aparece ativa também no domínio da inteligência, e coopera, em
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linhas decisivas, na evolução do pensamento e de todas as outras funções mentais
superiores. (RODRIGUES 1976, p. 75)
O professor que apenas fala não conquista o aluno e nem proporciona aprendizagem,
apenas transmite um saber já pronto. Na verdade, o professor deve fazer o aluno trabalhar:
trabalhar a mente, as habilidades, as capacidades, enfim, ser um sujeito ativo.
O ser humano nasce com uma série de capacidades que precisam ser desenvolvidas, e
estas, se bem trabalhadas são levadas pelo resto da vida. Segundo Antunes (2009), “ainda que
as inteligências humanas atuem de forma integrada e como um sistema, é possível direcionar
estratégias e jogos para aguçar sensibilidades e competências como o pensar, criar, tocar, ver
e muitas outras”.
Para Antunes (2009) as práticas escolares e jogos pedagógicos podem ser usados como
meio de estímulo das inteligências linguísticas, lógico-matemática, espacial, sonora,
cinestésico-corporal, naturalista, intra e interpessoal.
A curiosidade é um elemento primordial, na verdade, um elemento chave da qual o
educador deve aproveitar-se como um elemento a mais que facilite instigar o interesse do
aluno. Os jogos e materiais lúdicos fantasiam e promovem, através do desejo de competir e
vencer, um aguçar do pensamento estratégico do aluno e uma ativação maior da capacidade
de concentração do indivíduo.
O jogo auxilia no processo ensino-aprendizagem, no desenvolvimento de habilidades,
como a imaginação, a interpretação, a criticidade, a organização de informações, a
coordenação, etc. O processo do jogar oferece um verdadeiro laboratório de observações,
através das quais a criança desenvolve o pensamento, a tomada de decisão, o raciocínio
lógico, a socialização com a turma, a oratória, e assim, aprende com interesse e de uma forma
divertida. Nesse sentido, Libâneo (1994), ressalta que durante as aulas o professor deve criar
oportunidades para que o aluno assimile o conhecimento de forma prazerosa, desenvolvendo
habilidades e atitudes que estimulem a criticidade e suas capacidades cognitivas.
Ramos (2010), afirma que o jogo facilita a apreensão da realidade e é muito mais um
processo do que um produto. É, ao mesmo tempo, a atividade e a experiência envolvendo a
participação total do indivíduo. Exige movimentação física, envolvimento emocional, além do
desafio mental que provoca.
Os jogos e atividades práticas contribuem para uma melhor concentração nos
conteúdos. E a fixação do pensamento é fundamental para desenvolver uma aprendizagem de
forma mais rápida e menos cansativa. Para Raths (1977, p. 43) “dizer a uma criança que deve
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pensar não adianta. Precisamos é de atividades de sala de aula que exijam operações de
pensamento, e precisamos acentuá-las ano após ano”.
Segundo (RATHS, 1977)
A acentuação de pensamento exige muito trabalho, sob a forma de observação de
crianças, planejamento de atividades, organização de material, atenção individual
aos alunos. Ensinar a pensar não é fácil; apesar disso pode dar muitas satisfações.
(RATHS 1977, p. 374)
A motivação do indivíduo para aprender é interior, daí a necessidade de estratégias
que estimulem essa motivação. O aluno tem que ter interesse e gostar daquilo que vai
aprender. A escola não deve “motivar” através de castigos ou recompensas, mas sim, deve
priorizar, inicialmente, em mostrar a criança ou adolescente que ele é capaz, ou seja, deve
fazer com que se sintam autoconfiantes, e ainda, demonstrar a escola não como uma
obrigação, ou como “única saída”, mas como um espaço que é parte de suas vidas.
Resolver este problema não é fácil, é sem dúvida, uma difícil tarefa que o professor
enfrenta. Contudo, se o professor partir da necessidade do aluno, associando os conteúdos, ele
terá a grande possibilidade de ganhos no processo de ensino aprendizagem.
Construir conhecimento é um processo complexo e dinâmico que deve priorizar
algumas estratégias e objetivos que proporcionem essa construção de forma mais acessível e
motivadora. E ao propor a ludicidade como ferramenta para o desenvolvimento desse
processo, é importante ressaltar que a concepção construtivista vem a ser um elo essencial a
essa proposta.
Pensar que aprender é apenas adquirir habilidade em leitura e escrita, como se está
focando atualmente, é um erro, pois esta é uma concepção estreita de aprendizagem, sendo
que por sua vez esta deve ser vista como uma procura de restabelecimento de um equilíbrio
vital, através de uma nova situação estimuladora.
A aprendizagem não pode ser considerada como um processo de memorização, mas
sim a eficiência desta está condicionada à existência de problemas que surgem na vida do
educando e que o levam a sentir-se compelido a resolvê-los; E é na busca e obtenção das
soluções, que o educando aprende e não apenas memoriza. Nesse sentido, CAMPOS (1987)
nos mostra que:
[...] A aprendizagem é uma modificação sistemática do comportamento, é necessário
reconhecer a existência de fatores dinâmicos, a possibilidade de modificação do
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indivíduo segundo as características do ambiente e ainda que o indivíduo só age se
for impulsionado ao exercício; dessa forma entende-se que a aprendizagem é feita
gradualmente da prática ou experiência e do progressivo ajustamento. (CAMPOS,
1987)
Ao fazer uso de práticas ou materiais lúdicos é de fundamental importância ter
objetivos definidos, identificar a aceitabilidade desses materiais pela turma, identificar a
associabilidade com os conteúdos. Criar um jogo, uma atividade prática, um material lúdico, é
fundamental e bastante interessante, contudo não é suficiente. Quando se fala em ludicidade,
geralmente logo se associa a algo concreto e/ou prático, e toda prática necessita de teoria.
Nesse sentido, é essencial, ao preparar tais propostas, ter em mente toda uma organização e
sistematização necessárias para trabalhar a metodologia desenvolvida.
Geralmente se ouve que propor um jogo, um material, ou uma atividade, é fácil, no
entanto, a dificuldade está na inserção dessas propostas na prática, ou seja, no contexto do
processo de ensino aprendizagem. De fato, esta dificuldade pode realmente vir a existir,
levando em consideração principalmente, a quantidade de alunos, que em geral são muitos, o
que torna mais complexa a ação a ser desenvolvida, dependendo da atividade.
Quando se fala em ludicidade logo se atribui a um tema relativo à criança, ou seja, à
infância, todavia, a ludicidade é um elemento necessário ao ser humano em qualquer faixa
etária, pois se refere ao entretenimento, à diversão, sendo, portanto uma necessidade a toda e
qualquer pessoa. Na verdade ela expressa um potencial que induz à criatividade, ao interesse
por um assusto específico, a interatividade, etc.
Como já foi comentado o tema “ludicidade” era geralmente associado apenas ao jogo,
ao brinquedo, mas hoje esse tema perpassa por abordagens mais abrangentes, abarcando
diversas possibilidades daquilo que se considera lúdico.
O aluno aprende mais facilmente aquilo que gosta. Pois quando gosta daquilo que
aprende o aluno se sente motivado e passa a ser ator no cenário de seu próprio aprendizado. E
é nesse aspecto que a ludicidade vem a ser uma ferramenta essencial, trazendo a possibilidade
de romper a rotina e construir um momento mais instigante.
Nesse sentido, Rodrigues (1976, p. 179) ressalta que, as situações de ensino agradáveis
suscitam no aluno um desejo de repetir e renovar a aprendizagem. Quando o contrário
acontece, o aluno tende a rejeitar não só a disciplina, mas também tudo que a ela se refira
incluindo o mestre e até a própria escola”.
Ainda nesse aspecto, o processo avaliativo é também um processo que, assim como as
aulas, se considera desgastante, tenso e tradicional. Para Silva (2004, p. 84), “do ponto de
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vista da avaliação, podemos utilizar o próprio jogo como instrumento, articulando a
“brincadeira” ao conteúdo. Isto pode retirar a tensão da realização de uma prova ou teste,
sendo em alguns casos, de extrema valia para aproximar os estudantes entre si e ao educador”.
Porque pensar que a educação é aquela “forminha” pronta em que devemos seguir a
receita com a penalidade de sermos julgados ou recriminados por não seguir as regras
necessárias para alcançar o resultado esperado. Esperado por quem? E para que?
Parece-nos que há um grande medo com aquilo que é diferencial na educação.
Contudo, inovar é algo muito importante, principalmente hoje em que os alunos estão imersos
pelas novidades em diversos aspectos: comunicação, mídia, tecnologias (celular, games,
computador, etc.).
Para (CELSO ANTUNES, 2009):
[...] o professor precisa estar por “dentro” das inovações pedagógicas, conhecer
estratégias de ensino que empolguem, sistemas de avaliação que dignifiquem a
pessoa, jogos que desenvolvam nos alunos a plenitude de suas habilidades. Enfim,
precisa estar integralmente atualizado. (CELSO ANTUNES, 2009)
É importante frisar que as novidades inseridas no contexto escolar devem ser
fundamentadas na teoria, no conteúdo, pois este último, de maneira nenhuma pode ser
deixado de lado. Deve-se ter como base o conteúdo e como método a forma de se trabalhar
esse conteúdo, ou seja, deve haver uma ponte entre teoria e prática, onde o educador saiba
conciliar as possibilidades de inserir o concreto, o lúdico, a fim de aperfeiçoar o processo de
ensino-aprendizagem.
O lúdico deve considerar a articulação com o conteúdo. O professor deve ter cuidado
com a organização do tempo, e não correr o risco de deixar de lado o conteúdo ou de relegar o
conteúdo em virtude apenas da prática. Deve haver uma interação mútua entre a ludicidade e
o conteúdo, desenvolvendo-se com esse processo a aprendizagem.
O lúdico possibilita a relação da criança com o mundo externo, dessa forma, a
intenção é promover com a ludicidade o debate, a articulação de ideias, a motivação, e assim
formar uma rede de significações que possibilite uma aprendizagem não linear, mas sim uma
aprendizagem sistemática, dinâmica e abrangente, onde o aluno construa uma visão de
totalidade, em que seja capaz de articular a produção do conhecimento escolar com o mundo
vivido.
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No entanto, para realizar tais atividades, é necessário ser um apaixonado pela arte do
ensinar. Ser apenas professor é cumprir os papéis de técnicas e conteúdos que dizem respeito
à sua responsabilidade, não indo, assim, em busca de ultrapassar os limites do burocrático, do
tradicional, para construir um diferencial.
Ser educador é estar sempre a favor daquilo que ofereça uma real aprendizagem e não
apenas que realize no cotidiano escolar uma mera cópia de conhecimentos prontos
encontrados no livro didático, pois a aprendizagem é um processo de construção e não de
repetição de conceitos prontos. O verdadeiro educador age de uma maneira motivadora e não
autoritária. O educador dedica seu planejamento à reflexão das necessidades educacionais dos
alunos, levando em consideração suas diferenças e o contexto de sua vivência.
O professor não é um repassador de informações, mas sim, este deve ser um mediador
no processo de ensino-aprendizagem, orientando os alunos a construírem seu próprio saber.
Segundo Cavalcante (2008), a educação não é a transferência de conhecimento, a verdadeira
educação é um ato dinâmico e permanente de conhecimento, com descoberta, análise e
transformação da realidade pelos que a vivem. Progredir na educação é possível, não é tão
fácil, requer muito planejamento, mas basta apenas o interesse daquele profissional que além
de cumprir seu papel, deve gostar do que faz.
Muitas vezes a escola tenta moldar comportamentos e privilegia a reprodução de
conhecimentos como verdades absolutas. Segundo Antunes (2009, p. 11) “não são todos os
professores que se encontram treinados para ouvir linguagens diferentes das que a escola
institui como única e universal”.
As aulas costumam ser momentos padronizados, em que se vê o professor como figura
central, como aquele que detém o conhecimento verdadeiro e completo; há uma realização
linear de leituras e exercícios de cada matéria, havendo dessa forma uma repetição de ações
que torna desmotivado o ato de aprender. Para Silva (2004, p. 29) “o que acontece nas escolas
brasileiras é meramente um momento rígido da reprodução do formalismo científico”.
“Desde os primeiros anos escolares, acostumamo-nos a esse esquema lógico formal, a
ponto de acreditarmos que o conhecimento é a realidade e não um discurso sobre essa
realidade” (Silva, 2004, pag. 34). Nesse aspecto o contexto deve ser considerado para a
apreensão do que a realidade apresenta, pois somente investigando o que nos cerca é que
possível ir além do tradicional, da cópia, e atualizar a sala de aula para o que realmente é
inédito ao saber.
A aula deve ser pensada e repensada à luz de novas propostas e
perspectivas, para transformar-se em um encontro de pessoas envolvidas no trabalho do
conhecimento.
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O papel de mudança não deve ser apenas do professor, toda a comunidade escolar
deve ter consciência do que é necessário no processo de ensino-aprendizagem, todos devem
expor suas ideias e sugestões.
No entanto, nos planejamentos também deveriam ser debatidos, além dos conteúdos,
novos objetivos, técnicas de ensino, métodos diferenciados, recursos didáticos, formas de
avaliação, etc. Pois se querermos uma nova escola temos que assumir o desejo e pôr em
prática as novas ideias.
Ainda nesse aspecto, é importante ressaltar a questão do método e da técnica, é preciso
saber diferenciá-los, para Nerici, (1977, p. 67) apud Silva (2004) “a palavra método vem do
latim, methodus que, por sua vez, tem origem no grego, das palavras (meta= meta) e hodos
(hodo= caminho). Logo, método quer dizer caminho para se chegar a um determinado lugar.
Já as técnicas, são meios auxiliares que contribuem para o êxito de um trabalho. Nesse
sentido, o método indica o caminho e a técnica fornece meios para percorrê-los.
Criar uma técnica é algo possível e exige, pelo menos, alguns ingredientes: reflexão
sobre o contexto no qual a técnica deve inserir-se; criatividade e conhecimento das
características do fazer pedagógico; e desejo de solucionar os problemas da própria
prática cotidiana. Quem mais do que os educadores exercitam esses ingredientes
cotidianamente? Reforçando, o educador pode e deve pensar em criar as técnicas
para o seu trabalho, ao mesmo tempo em que pode reinventar as que já conhece.
(SILVA, 2004, p. 63)
E dentre as possibilidades de caminhos e meios, o professor não deve ficar refém do
livro didático, deve inventar e reinventar propostas que, associadas ao conteúdo, transforme o
processo de ensino-aprendizagem em um momento prazeroso, instigante e envolvente. Para
Antunes (2009), faltam professores que possam discernir, estimular, sugerir e encantar seus
alunos mostrando-lhes linguagens diferentes.
- O estudo do solo no ensino de Geografia
Atualmente o estudo do solo nos direciona a pensar simultaneamente nas questões
ambientais em que esse recurso se insere no que diz respeito às formas de utilização deste na
paisagem, sendo um recurso explorado em função das necessidades do ser humano e também,
em grande escala atualmente, para fins lucrativos e de acúmulo de bens, em que se faz uso
desse recurso de forma irresponsável e sem controle, causando impactos negativos e
desequilíbrios, que em alguns casos podem ser irrecuperáveis.
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Nesse sentido, ao trabalhar com essa temática é necessário levar em consideração a
importância de inserir a discussão deste tema dentro do contexto ambiental, mostrando suas
funções dentro da dinâmica que caracteriza a natureza.
Porém, como nos mostra (SILVA; COSTA FALCÃO E SOBRINHO, 2008):
É bastante perceptível, o caráter de descaso dado ao estudo do solo nos livros
didáticos, ocupando espaço reduzido em poucas páginas. Paralelo a essas
características de secundariedade, a análise da pedologia nos livros didáticos do
ensino fundamental II, trabalha o assunto de forma simplificada e resumida, não
proporcionando o seu entendimento de maneira integrada, como sendo o solo um
elemento natural que compõe a paisagem e nela mantém relação com os seus
elementos componentes. (SILVA; COSTA FALCÃO E SOBRINHO, 2008 p. 105)
Com a utilização de materiais didáticos adequados o professor pode trabalhar
metodologias que vão ao encontro da dificuldade cognitiva do aluno. Os alunos, além de
conhecerem a importância do solo podem refletir sobre a interação existente na natureza.
Nesse sentido, Mugller, Sobrinho e Machado (2006) mostram-nos que a construção do
conhecimento acerca do solo vem possibilitar uma maior integração não apenas do meio, com
toda sua complexidade, mas também a do sujeito que aprende, como parte ativa do meio.
A educação em solos deve ser dinâmica, levando os alunos a agirem ativamente, dessa
forma, é bastante interessante levar ao ambiente da sala de aula metodologias diferenciadas a
fim de aproximar o aluno de um conhecimento mais concreto, diferenciado daquele conteúdo
abstrato e resumido a poucas palavras no livro didático.
A Educação em Solos busca conscientizar as pessoas da importância do solo em sua
vida. Nesse processo educativo, o solo é entendido como componente essencial do
meio ambiente, essencial à vida, que deve ser conservado e protegido da
degradação. A Educação em Solos tem como objetivo geral criar, desenvolver e
consolidar a sensibilização de todos em relação ao solo e promover o interesse para
sua conservação, uso e ocupação sustentáveis. (MUGLLER; SOBRINHO E
MACHADO, 2006, p.736)
Com as crescentes preocupações atuais sobre a temática ambiental, percebe-se a
necessidade de integrar o elemento solo a essas discussões, e principalmente, de se trabalhar o
solo na escola dentro dessa perspectiva ambiental, através de uma maneira criativa, buscando
demonstrar que é possível trabalhar um conteúdo sem supervalorizar a aula expositiva, mas
dando espaço também a ludicidade, com propostas que incentivem operações mentais de
conceituação, comparação, observação e análise, a fim de exercitar o pensamento crítico dos
educandos e promover uma relação de diálogo, onde os próprios alunos construirão seus
conhecimentos.
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A Educação em Solos tem como principal objetivo trazer o significado da
importância do solo à vida das pessoas e, portanto, da necessidade da sua
conservação e do seu uso e ocupação sustentáveis. Assim como a Educação
Ambiental, a Educação em Solos coloca-se como um processo de formação que, em
si, precisa ser dinâmico, permanente e participativo. (MUGLLER; SOBRINHO E
MACHADO, 2006, p.732)
Por que é tão importante estudar o solo? Precisamos estudar o solo porque ele é um
dos principais recursos naturais indispensável à nossa vida e a vida dos demais seres vivos,
dele provêm o nosso alimento, o armazenamento e filtragem de nossas águas, o suporte de
nossa vegetação, enfim, o solo é a base da paisagem e, portanto, integrante essencial em sua
constituição e dinâmica.
Nessa perspectiva, Costa Lima e Lima (2009) também nos respondem a essa mesma
pergunta: Porque estudar o solo? “Porque é um recurso fundamental pela influência que
exerce nos ambientes e nas sociedades. É a fonte primordial para obtenção de alimentos.”
Porém, embora o solo seja esse elemento tão essencial à nossa vida, ele é pouco
conhecido, principalmente enquanto componente integrador da paisagem.
Devemos considerar o solo como um componente do ambiente natural que deve ser
adequadamente conhecido e preservado, tendo em vista a sua importância para a
manutenção do ecossistema terrestre e sobrevivência dos organismos que dele
dependem. Esta atividade nos induz a trabalhar o poder da observação, conscientes
da necessidade de exercitá-lo e desenvolvê-lo, levando em conta todos os sentidos.
(COSTA FALCÃO, 2010, p. 158)
Segundo Costa Lima e Lima (2009, p. 3) o estudo do solo deveria ser iniciado desde a
escola primária onde aprenderíamos amá-lo, respeitá-lo e protegê-lo. Portanto, levando em
consideração que o solo deve ser trabalhado desde a infância, é necessário trabalhar com
práticas criativas, com materiais didáticos atrativos e dinâmicos que motivem o interesse do
aluno por este conhecimento, proporcionando um aprendizado significativo e o mais próximo
possível da realidade do educando.
CONCLUSÕES
Evidenciou-se, a partir da oficina realizada, o potencial da proposta pedagógica do
jogo do tabuleiro, assim como foi perceptível a participação dos educandos, pois, a partir da
motivação, permitiu-se aos alunos desenvolverem suas habilidades de observação,
comparação e análise.
Foi possível promover, através da ludicidade, a curiosidade, o debate, a articulação de
ideias, a motivação, e assim formar uma rede de significações que possibilitaram uma
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aprendizagem não linear, mas sim uma aprendizagem sistemática, dinâmica e abrangente,
onde os alunos puderam construir uma visão de totalidade, articulando a produção do
conhecimento escolar com o mundo vivido.
Os educandos sentiram gosto em aprender sobre essa temática. Portanto, o aluno deve
ser guiado pelo desejo de compreender o novo. E nesse sentido, cabe ao educador o
importante papel de despertar no aluno essa busca pelo novo conhecimento, através de uma
maneira que torne mais acessível e gratificante a construção de seu aprendizado.
A utilização do jogo de tabuleiro contribuiu para uma maior ação e interação da turma
sobre o assunto tratado, quebrando a monotonia das aulas tradicionais e realizando um
aprendizado com entretenimento. O lúdico elimina a tensão existente devido a tanta cobrança,
principalmente pelas avaliações.
A prática pedagógica vislumbrou a ação dos educandos como sujeito de sua própria
aprendizagem, da construção do seu conhecimento, tornando o processo de ensino
aprendizagem mais autônomo, mas também construído através da troca de experiências e de
saberes.
Assim, todo aquele conteúdo que seria apenas lido de forma resumida no livro didático
tornou-se um conteúdo dinâmico, onde o aluno teve um papel mais ativo no processo de
aprendizagem.
O lúdico possibilitou, portanto, a relação dos estudantes com o conteúdo, pois através
das atividades lúdicas e dos jogos, os alunos estabeleceram relações de lógica, integraram
idéias, estimularam a observação e assim desenvolveram o seu aprendizado. Os materiais
despertaram a atenção para a importância da conservação do solo, sendo esse o caminho para
a sustentabilidade.
Com as crescentes preocupações atuais sobre a temática ambiental, perceptível a
grande necessidade de integrar o elemento solo às discussões escolares, trabalhando-o dentro
da perspectiva ambiental, através de uma maneira criativa, buscando demonstrar que é
possível trabalhar um conteúdo sem supervalorizar a aula expositiva, mas dando espaço
também a ludicidade, com propostas que incentivem operações mentais de conceituação,
comparação, observação e análise, a fim de exercitar o pensamento crítico dos educandos e
promovendo uma relação de diálogo, onde os próprios alunos construam seus conhecimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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o lúdico como instrumento facilitador da aprendizagem